O PRÓLOGO
Prólogo para ser lido antes da transmissão de O vôo sobre o oceano:
Vocês ouvirão
O relato do primeiro vôo sobre o oceano,
Em maio de 1927. Um jovem
O realizou. Ele triunfou
Sobre a tempestade, o gelo e as águas vorazes.
Entretanto,
Que seu nome seja apagado; pois
Ele, que se orientou por águas extraviadoras,
Perdeu-se no pântano de nossas cidades. Tempestade e
Gelo
Não o venceram, mas seu semelhante
O venceu. Uma década
De glória e de riqueza e o miserável
Ensinou os carrascos de Hitler
A pilotar bombardeios mortíferos. Por isso,
Seja apagado seu nome. Mas
Lembrem-se: nem a coragem nem o conhecimento
Dos motores e das cartas náuticas inscrevem o antisocial
Na epopéia.
S.O.S.
para pororoca de rj e sp teat(r)o Dulcina
O vôo sobre o oceano
Peça didática radiofônica para rapazes e moças
De B.B.
Trad. Fernando Peixoto
versão para 1 ANO de CHUTE do aviador-para-quedista Fredy Állan
e morte para eternidade 28 de agosto
1
Música 'Todos Dulcina'. Com barulho de motores. Cidade e fumaça.
Nasce de novo morrendo dia 28 de agosto DULCINA!!!!!!!
ai que saudade da Dulcina que me alucina
APELO GERAL
introdução do 'apelo geral'.
Rádio–A coletividade pede a vocês: repitam
A primeira travessia aérea do oceano.
Para a mulher dos cem e mais um ano
Todos juntos
Cantem as canções
E juntos leiam o texto.
Aqui está o aparelho.
Som da entrada do aparelho.
Suba nele.
Lá (na Europa Carioca) estão à sua espera.
A fama lhe acena.
O aviador– O pé quebrado deu o passo
O pé curado continua
Eu subo no aparelho.
Som da subida no aparelho.
2
OS JORNAIS (AMERICANOS) CELEBRAM A IMPRUDÊNCIA DO AVIADOR
América (rádio) – É verdade, como dizem, que você levava
Somente um chapéu de palha e também
Que você subiu no avião como um louco? Numa
Lata velha centenária você quer
Atravessar voando o Atlântico?
Fazer uma pororoca
Sem um acompanhante para orientá-lo,
Sem bússola e sem água?
3
APRESENTAÇÃO DO AVIADOR E PARTIDA DO MESMO (DE NEW YORK-SP PARA A EUROPA-RJ)
Final da música do 'parabéns a você'.
Forrózinho do São Luís Gonzaga. O padroeiro dos jovens.
O aviador– Meu nome interessa não,
Tenho 24 anos.
Meu avô era sueco,
Eu sou americano.
Meu aparelho, fui eu mesmo que escolhi.
Ele voa a
Seu nome é “Espírito de São Luís Gonzaga”.
As fábricas de aviões (Ryan de San Diego)
Construíram-no em 60 dias. Eu estive lá
60 dias; e durante 60 dias tracei,
Nas cartas terrestres e marítimas,
A rota do meu vôo.
Vôo sozinho.
Em lugar de outro homem, levo mais gasolina comigo.
Eu vôo num aparelho sem rádio.
Centenário e um.
Eu vôo com a melhor bússola. (som da bússola)
3 dias fiquei esperando pelo melhor tempo,
Mas os relatórios dos observatórios
Não são bons e vão piorar:
'Nevoeiro sobre a costa e tempestade sobre o mar.'
Mas agora não quero mais esperar.
Agora eu vou embarcar.
Som de virada. Objetos sons.
Eu arrisco.
Eu levo comigo:
2 lâmpadas elétricas
1 rolo de corda
1 rolo de barbante (AMORTA)
1 facão de caça
4 tochas vermelhas fechadas em tubos de borracha
1 caixa impermeável com palitos de fósforo
1 agulha grande
1 caneca grande e 1 cantil com água
5 rações de emergência, conservas do Exército America
no, cada uma para um dia. Em caso de necessidade,
Para mais.
1 enxada
1 serra
1 barco de borracha
(som do motor ligando)
Agora levanto vôo.
(decolagem música trilha)
Há vinte anos o homem Blériot
Foi homenageado porque
Sobrevoou 30 miseráveis quilômetros
De água salgada e doce
Eu atravesso
3.000.
- PO-RO-RO-RO-PO-RO-RO-CA
Música continua da cena pelo céu sonoro.
4
A CIDADE DE NEW YORK-SP INTERROGA OS NAVIOS
O som da cena anterior vai ficando para trás com a entrada da cidade. Som da cidade alarmada através do rádio do Aviador Solitário.
A cidade (de New York) (Rádio) – Aqui fala a cidade de
(São Paulo New York:)
Hoje de manhã as 8 horas
Um homem decolou daqui
Sobrevoando as águas em direção
Ao vosso continente.
Já está viajando a sete horas.
Dele não temos sinal algum,
E pedimos
Aos navios que nos informem
Se o avistarem.
O aviador– Se eu não chegar,
Nunca mais me verão.
O navio (Rádio) – Aqui fala o navio “Imperatriz da Es
cócia”
49 graus e 24 minutos de latitude norte e 34 graus e 78
Minutos de longitude oeste.
Há pouco ouvimos no céu,
Acima de nós,
O ruído de um motor
A grande altitude.
Por causa do nevoeiro
Não conseguimos ver nada
Mas é bem possível que
Tenha sido o homem que vocês procuram,
Com seu aparelho
O “Espírito de São Luís Gonzaga”.
O aviador– Nenhum navio à vista, e
Agora vem o nevoeiro.
5
DURANTE QUASE TODA DURAÇÃO DO VÔO, O AVIADOR TÊM QUE LUTAR CONTRA O NEVOEIRO
Tema do Nevoeiro.
O nevoeiro (rádio) – Eu sou o nevoeiro, e deve contar
Comigo
Todo aquele que viaja sobre'águas.
1.101 anos e nunca se viu
Quem pretendesse atravessar os ares!
Afinal, quem é você?
Mas nós cuidaremos
Para que, de agora em diante, ninguém mais torne a voar
Por aí!
Eu sou o nevoeiro.
Retorne!
O aviador– Isso que você disse
Deverá ser levado em consideração.
Se você se tornar mais denso talvez
Realmente eu retorne.
Se não houver perspectiva,
Não continuarei lutando.
Ser coroado ou terminar coberto de coroas
Para mim não é alternativa.
Mas por enquanto
Não volto atrás.
O Nevoeiro (rádio) – Você ainda se sente confiante, por
Que
Não me conhece;
Agora você ainda vê um pouco de água lá embaixo
E sabe
Distinguir a direita da esquerda.
Mas aguarde ainda uma noite e um dia
Sem conseguir ver céu nem água,
Nem enxergar seu leme
Nem mesmo a bússola.
Envelheça e, então,
Saberá quem eu sou:
Eu sou o nevoeiro!
O aviador– Sete homens em San Diego construíram
Meu aparelho,
Trabalhando, muitas vezes, 24 horas sem parar,
Empregando alguns metros de tubos de aço.
O que eles fizeram deve me bastar.
Eles trabalharam, eu
Continuo o trabalho deles. Não estou sozinho, somos
Oito voando neste avião.
O nevoeiro (Rádio) – Você agora está com 24 anos e
Não tem muito medo. Mas quando estiver com
24 anos mais um dia e uma noite,
Terá mais medo.
Depois de amanhã e nos próximos 1.001 anos
Aqui ainda existirá água, ar e nevoeiro.
Mas você
Não mais existirá.
O aviador– Até agora era dia, mas agora
A noite está chegando.
Trilha do Nevoeiro na noite e o vôo solitário.
O nevoeiro (Rádio) – Faz 10 horas que eu luto contra um
Homem
Que atravessa os ares, coisa que nestes 1.000 anos
Ninguém havia visto. Não consigo
Derrubá-lo.
Encarregue-se vocês dele, nevasca!
O aviador– Agora vem você,
Nevasca!
6
NAQUELA NOITE CAIU UMA NEVASCA
Tema da Nevasca.
A nevasca (Rádio) – Há uma hora que tenho dentro de
Mim
Um homem e seu aparelho!
Ora no alto, acima de mim,
Ora embaixo, próximo à água!
Já faz uma hora que eu o arremesso
Contra a água e contra o céu.
Ele não consegue se segurar em nada, mas
Não cai.
Ele despenca para cima
E sobe para baixo,
Ele é mais frágil que uma árvore à beira mar,
Fraco como uma folha sem haste, mas
Não cai.
Há horas este homem não vê a lua
Nem mesmo a sua própria mão, mas
Não cai.
Cobri de gelo seu aparelho
Para que ficasse pesado e o forçasse para baixo.
Mas o gelo desliza do avião e
Ele não cai.
O aviador– Não dá mais,
Logo vou cair na água.
Quem poderia imaginar que
Ainda há gelo!
Já estive a três mil metros de altura e desci a
3 metros do nível da água,
Mas em toda parte há tempestade, gelo e nevoeiro.
Porque fui louco de subir?
Agora tenho medo de morrer,
Agora vou cair.
4 dias antes de mim, dois homens
Sobrevoaram as águas como eu.
E as águas o tragaram, e a mim também
Tragarão.
O som é tragado.
Silencio.
7
SONO
Entrada do SON-O.
O sono (Rádio) – Durma, Fulano,
A noite pavorosa
Já passou. A tempestade
Cessou. Durma, então,
Que o vento o conduzirá.
O aviador– O vento não faz nada por mim,
A água e o ar me são hostis, e eu
Sou seu inimigo.
O sono (rádio) – Incline o seu corpo só por um minuto
Sobre o leme, feche os olhos só um pouco;
Sua mão permanecerá alerta. / No teatro agente fala MERDA
O aviador– Trabalhando, muitas vezes, 24 horas sem
Parar,
Meus companheiros (de San Diego)
Construíram esse aparelho. Que eu não seja
Pior do que eles. Eu
Não devo dormir.
O sono (Rádio) – Ainda está longe. Descanse
Pensando nos campos (do Missouri),
No rio e na casa,
Onde é o seu lar.
O aviador– Não estou cansado.
8
IDEOLOGIA
O Aviador
1
Muitos dizem que os tempos são velhos,
Mas eu sempre soube que vivemos num tempo novo.
Eu lhes digo: não é à toa
Que há 20 anos surgem casas da terra como montanhas
De aço.
A cada ano muitos partem para as cidades como se Es
perassem algo,
E através dos continentes sorridentes
Corre a notícia: o imenso e temível oceano
Não passa de um pequeno lago.
Agora sou o primeiro a sobrevoar o Atlântico,
Mas estou convencido: amanhã mesmo
Vocês rirão do meu vôo.
2
Mas esta é uma batalha contra o que é primitivo
E um esforço para melhorar o planeta,
Semelhante à economia dialética
Que transformará o mundo desde a sua base.
Portanto
Lutemos contra a Natureza
Até nos tornarmos naturais.
Nós e nossa técnica ainda não somos naturais.
Nós e nossa técnica
Somos primitivos.
Os navios a vapor rivalizaram com os veleiros,
Que, por sua vez, haviam deixado os barcos a remo
Para trás.
Eu
Vôo para rivalizar com os navios a vapor
Na luta contra o que é primitivo.
Meu avião, frágil e trêmulo,
Meu aparelho cheio de falhas,
São melhores do que os de antes, e
Enquanto vôo,
Luto contra o meu avião e
Contra o que é primitivo.
3
Portanto luto contra a Natureza e
Contra mim mesmo.
Seja lá o que eu for, acredite nas tolices que acreditar,
Quando vôo, eu sou
Um verdadeiro ateu.
Por 10 mil anos, lá
Onde as águas se tornavam escuras no céu,
Entre a luz e o crepúsculo, incontido, surgia
Deus. E da mesma forma,
Sobre as montanhas de onde vinha o gelo,
Os ignorantes incorrigíveis avistavam
Deus. E da mesma forma,
No deserto, ele vinha nas tempestades de areia, e,
Nas cidades, ele era gerado na desordem
Das classes sociais, pois a humanidade se divide em duas:
Exploração e Ignorância, mas
A Revolução líquída com ele.
Abram estradas através das montanhas, e ele desapa
recerá.
Os rios o expulsarão do deserto. A luz
Mostrará o vazio e
O espantará de imediato.
Portanto participem
Da luta contra o que é primitivo,
Da liquidação do além e
Da expulsão de todo e qualquer deus, onde quer que
Ele surja.
Sob os microscópios mais precisos
Ele cairá.
Os aperfeiçoados aparelhos
O expulsarão dos ares.
Os saneamentos das cidades,
O extermínio da miséria,
Farão com que ele desapareça e
O enxotarão de volta ao primeiro milênio.
4
Mesmo nas cidades melhoradas
Ainda prevalece a desordem,
Que nasce da ignorância e se parece com Deus.
Porém as máquinas e os operários a
Combaterão. E vocês também
Devem participar
Da luta contra o que é primitivo!
9
ÁGUA
O aviador– Agora,
A água novamente se aproxima.
Barulho de água (rádio)
O aviador– Preciso
Ganhar altura! Como este vento
Faz pressão!
Barulho de água (rádio).
O aviador– Agora está melhor.
Mas o que é isso? O leme
Não quer mais funcionar. Alguma coisa
Não está certa. Isso não é
Um ruído de motor? Agora
Já estamos caindo de novo.
Socorro!
Barulho de água (rádio).
O aviador– Meus Deus! Por pouco
Não nos acabamos!
10
DURANTE TODO O VÔO OS JORNAIS AMERICANOS NÃO CESSARAM DE FALAR SOBRE A SORTE DOS AVIADORES
América (Rádio) – Toda a América acredita que o vôo
Sobre o oceano
Do tenente Fulano de Tal será bem-sucedido.
Apesar dos maus boletins metereológicos e
Do estado precário do seu frágil avião,
Todo mundo nos Estados Unidos acredita
Que ele chegará.
Jamais, escreve um jornal, imaginamos
Que um homem de nosso país
Tivesse tanta sorte.
Quando aquele que tem sorte sobrevoa o mar,
As tempestades se retraem,
Se as tempestades não se retraem
O motor agüenta.
Se o motor não agüenta,
O homem agüenta.
E se o homem não agüenta,
A sorte agüenta.
Por isso nós acreditamos
Que o homem de sorte chegará.
11
OS PENSAMENTOS DOS HOMENS DE SORTE
O aviador– Dois continentes, dois continentes
Esperam por mim! Eu
Preciso chegar!
Quem espera alguém?
E mesmo aquele que ninguém espera
Precisa chegar. A coragem não é nada, mas
Chegar é tudo.
Quem sobrevoa o mar
E se afoga
É completamente louco, pois
No mar agente se afoga.
Portanto eu preciso chegar.
O vento força para baixo e
O nevoeiro desorienta, mas
Eu preciso chegar.
É verdade que meu aparelho
É frágil, e frágil é
Minha cabeça, mas,
Do outro lado, eles me esperam e dizem:
Este chegará, e por isso
Eu preciso chegar.
12
ASSIM VOA ELE, ESCREVIAM OS JORNAIS FRANCESES; POR CIMA AS TEMPESTADES, AO REDOR O MAR, E EMBAIXO, A SOMBRA DE (NUNGESSER)
Europa (Rádio) – Em direção ao nosso continente,
Há mais de 24 horas,
Um homem voa.
Quando ele chegar
Um ponto aparecerá no céu,
Aumentará de tamanho e
Será um avião e
Descerá e
Pelo campo virá um homem e
O reconheceremos
Pela foto nos jornais, que
Aqui chegaram antes dele.
Mas receamos que
Ele não chegue. As tempestades
O lançarão ao mar,
Seu motor não agüentará,
Ele mesmo não agüentará o caminho até nós.
Por isso acreditamos
Que não o veremos.
13
O DIÁLOGO DO AVIADOR COM O MOTOR
Motor em funcionamento (rádio)
O aviador– Agora já não está mais longe. Agora
Temos que juntar nossas forças,
Nós dois.
Você tem óleo suficiente?
Você acha que a gasolina lhe basta?
A refrigeração está funcionando?
Você está se sentindo bem?
Motor em funcionamento (rádio).
O aviador– O gelo que lhe pesava
Já se foi todo.
O nevoeiro é assunto meu.
Você faz seu trabalho,
Que é só girar.
Motor em funcionamento (rádio).
Os aviadores – Lembre-se: Em São Luís nós dois
Estivemos mais tempo no ar.
Não está mais tão longe. Agora vem
A Irlanda, depois vem Paris.
Conseguiremos?
Nós dois?
Motor em funcionamento (rádio).
14
FINALMENTE, PERTO DA ESCÓCIA,O AVIADOR AVISTA PESCADORES
Os aviadores – Lá
Estão barcos de pesca.
Eles sabem
Onde fica a ilha.
Alo! Onde
Fica a Inglaterra?
Os pescadores (rádio) – estão chamando.
Escute!
O que é que estaria chamando?
Escute, o barulho!
O que é que estaria fazendo esse barulho?
O aviador– Alo! Onde
Fica a Inglaterra?
Os pescadores (rádio) – Olha lá
Uma dessas coisas que voam!
É um avião!
Como pode ser um avião?
Nunca
Uma coisa dessas, feita de cordas,
Farrapos de lona e aço,
Poderia sobrevoar as águas!
Nem mesmo um louco
Embarcaria nisso.
Simplesmente
Cairia na água;
O próprio vento
Acabaria com ele. E qual o homem que
Se manteria tanto tempo no comando?
O aviador– Alo! Onde
Fica a Inglaterra?
Os pescadores (rádio) – Mas pelo menos olhe!
Para que olhar, se
Uma coisa dessas é impossível?
Agora sumiu.
Também não sei
Como é possível.
Mas foi.
15
NA NOITE DE 28 DE agosto DE 2009, ÀS 22 HORAS, UMA IMENSA MULTIDÃO ESPERAVA O AVIADOR AMERICANO NO AEROPORTO “Santos Dumont”, PERTO Do Aterro do Flamengo
Europa (rádio) – Ele está chegando!
Um ponto aparece
No céu.
Está crescendo. É
Um avião.
Agora desce.
Pelo campo vem
Um homem. E agora
Nós o reconhecemos: é
O aviador.
A tempestade não o tragou
Nem a água.
Seu motor agüentou, e ele
Encontrou o caminho até nós.
Ele chegou.
16
CHEGADA DO AVIADOR AO AEROPORTO “Santos Dumont”, PERTO DE PARIS.
Rumores de uma grande multidão (rádio).
Os aviadores – Eu sou Fulano de Tal. Por favor, levem-me
Para um hangar escuro, onde
Ninguém possa ver
Minha fraqueza natural.
Mas comuniquem aos meu camaradas da fábrica Ryan
De San Diego
Que seu trabalho foi bom.
Nosso motor agüentou,
O trabalho deles não teve falhas.
17
RELATÓRIO SOBRE O QUE AINDA NÃO FOI ALCANÇADO
Rádio e Aviador – No tempo em que a humanidade
Começava a se conhecer,
Nós construímos veículos
Com madeira, ferro e vidro,
E atravessamos os ares voando.
Por sinal, a uma velocidade
Superior em mais do dobro à do furacão.
E na verdade nossos motores eram
Mais forte que cem cavalos, mas
Menores que cada um deles.
Durante mil anos tudo caiu de cima para baixo,
Com exceção dos pássaros.
Nem mesmo nas mais antigas pedras
Encontramos qualquer indício
De que algum homem
Tenha atravessado os ares voando.
Mas nós nos erguemos.
Próximo ao fim do 3° milênio de nossa era
Ergue-se nossa
Ingenuidade de aço,
Mostrando o que é possível
Sem nos deixar esquecer:
O q u e a i n d a n ã o f o i a l c a n ç a d o.
A isto é dedicado este relato.
1908
1927/28
2008/09